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quarta-feira, 27 de maio de 2015

Entarde-Ser

Peço-te a gentileza de não entarde-Ser-es sem mim.
Pois os poentes solitários são dias de uma sentença muda.
Permita-me a companhia no vermelho-fogo da vida besta.
Quando apenas sobrevoam os insetos e as ilusões idas.
É no fim da tarde que o amor chega, mansinho...
Mineiro, pelas beiradas do dia-cansado.
Insisto em virar-me ao oeste,
Pois um por-do-sol é uma forma de arrastão...
Levando os fatos para o mundo onírico das possibilidades roubadas.
Gosto de ver o Sol sangrando como em Carmen de Bizet,
Primeiro ele se ajoelha,
Suplica perdão à noite,
Pra depois morrer atrás das nuvens-fúnebres.
Impiedosas, como sabem ser.
Não te esqueças que o crepúsculo é uma procissão do aquém,
Rumando pra um além cruel, maiúsculo.
Peço-te a gentileza de não te esqueceres das tardes-findas,
É no entarde-Ser da vida que a gente aprende a de-Ser dos sonhos...
E aprende a te-Ser o eterno,
Por meio dos lábios mais improváveis possíveis.
Todo beijo é uma forma de réquiem.

Um comentário:

Suely Melo disse...

Adorável, simplesmente!